Ministra diz que mulher deve ser ”submissa” ao homem no casamento

Em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher realizada nesta terça-feira (16) na Câmara dos Deputados, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, disse que, dentro de sua concepção cristã, “a mulher sim, no casamento, é submissa ao homem”, ressaltando que isso é “uma questão de fé”.

O tema surgiu quando a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) questionou: “A senhora defende que a mulher seja submissa no casamento?”. Damares respondeu que dentro da igreja, “o homem é o líder do casamento”:

— Essa é uma fala que eu fiz dentro da minha igreja. Dentro da doutrina cristã, sim. Dentro da igreja, nós entendemos que, no casamento homem-mulher, o homem é o líder do casamento. Essa é uma percepção dentro da minha igreja, dentro da minha fé.

A ministra fez questão de ressaltar que isso era dentro da concepção cristã:

— Eu quero dizer que todas as mulheres têm que ser submissas? Baixarem a cabeça para o patrão, para o agressor, para os homens que estão aí? Não. Mas dentro da minha concepção cristã, a mulher, sim, no casamento, é submissa ao homem, e isso é uma questão de fé.

A audiência era para tratar do tema violência contra a mulher, em especial sobre a campanha Salve uma Mulher. Uma das autoras do pedido da audiência, a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) disse que a ideia era distinguir o que é política pública daquilo que é manifestação individual ou foro íntimo da ministra, uma vez que, segundo a parlamentar, “a Ministra afirma em seu perfil da rede social Twitter que o governo irá às escolas ensinar crianças sobre determinados comportamentos diferentes do que ‘algumas ideologias pregaram no passado’ e, entre outras afirmações, que ‘precisamos resgatar valores que são caros à família’”.

No encontro, também foi questionada a posição da ministra sobre a questão da posse de armas, uma vez que a flexibilização do uso é considerada por alguns como um fator que pode aumentar o número de feminicidios.

Damares disse que preferia não falar disso nesse momento:

— O que podemos fazer é um debate sobre o impacto disso (da flexibilização da posse), um debate bem técnico sobre o impacto disso na violência contra a mulher. Porque não dá ainda para a gente dizer se impactou. É tudo uma expectativa. De que isso pode aumentar. Mas o homem mata com dentes, com a mão, com pau. A violência contra a mulher se configura de diversas formas.

A campanha Salve uma Mulher é voltada a ações de conscientização de profissionais do ramo de beleza. Segundo o governo federal, o objetivo é ensinar maquiadores, cabeleireiros e outros trabalhadores do setor a identificar marcas de violência doméstica em clientes.



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